Saiba como cuidar da saúde neurológica dos cães através da nutrição!
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A disfunção cognitiva em cães, ou demência senil canina, é uma síndrome neurocomportamental caracterizada por uma série de alterações comportamentais e cognitivas observadas em alguns cães durante o envelhecimento. As funções intelectuais, ou capacidades cognitivas, correspondem a um estado que abrange memória, aprendizagem, conhecimento e percepção.
ALTERAÇÕES DE COMPORTAMENTO EM CÃES IDOSOS
À medida que os cães envelhecem, podem surgir certas alterações anatômicas no seu sistema nervoso, tais como uma redução no fluxo sanguíneo cerebral e o acúmulo de proteína tóxica beta-amiloide no córtex cerebral, que podem estar relacionados com a disfunção cognitiva, caracterizada por um déficit na aprendizagem, na memória e na consciência espacial do animal, bem como alterações nas interações sociais e nos padrões de sono.
Na fase inicial, as mudanças no comportamento costumam ser leves e surgem manifestações de perda de memória, tais como:
- Dificuldade de reconhecer os membros da família e lembrar coisas aprendidas anteriormente ou realizar tarefas simples.
- Alterações no ciclo sono-vigilia.
- Episódios de fobia que anteriormente não existiam.
A interação social dos cães também é alterada por processos de insegurança, sinais de ansiedade devido a separação, agressividade e/ ou problemas compulsivos.
A ALIMENTAÇÃO, UM ELEMENTO FUNDAMENTAL PARA MELHORAR A FUNÇÃO COGNITIVA
Retardar a progressão da perda de função cognitiva é o objetivo principal de qualquer tratamento, que deve incluir:
- Procedimentos para melhorar a atividade física.
- Enriquecimento ambiental.
- Técnicas como psicofarmacologia e terapias alternativas.
No entanto, a alimentação desempenha um papel fundamental na prevenção e no auxílio ao tratamento desta doença.
A diminuição do metabolismo energético é uma característica comum em animais idosos, um dos vários processos que estão relacionados com o déficit cognitivo associado ao envelhecimento. Vários estudos mostram como o metabolismo da glicose cerebral diminui em cães1, ratos2, macacos3 e seres humanos4 com idade avançada. Esses estudos têm demonstrado que a diminuição do metabolismo energético contribui para o déficit cognitivo associado ao envelhecimento.
ÁCIDOS GRAXOS DE CADEIA MÉDIA (AGCM) FONTE DE ENERGIA ALTERNATIVA
Embora o metabolismo da glicose seja a principal fonte de energia para o cérebro, uma fonte alternativa de energia são os corpos cetônicos, que são produzidos naturalmente pelo fígado a partir da mobilização da gordura corporal interna e, podem ser utilizados pelo cérebro, coração, rins e músculos.
Alguns estudos5 sugerem que uma suplementação de ácidos graxos de cadeia média na dieta (AGCM) pode ser usada para aumentar os níveis cerebrais de corpos cetônicos. Os AGCM se transformam rapidamente em corpos cetônicos no fígado e, em menor quantidade, no cérebro, onde pode ser usado como uma fonte de energia alternativa para aliviar o déficit no metabolismo da glicose.
Um estudo6 realizado em pacientes com doença de Alzheimer que receberam suplementação de AGCM concluiu que foi possível melhorar a resposta cognitiva em uma série de aspectos e também mostrou uma correlação positiva entre a melhoria cognitiva e os níveis de um corpo cetônico, o betahidroxibutírico. Mais recentemente, outro estudo7 mostrou que os AGCM em pacientes com diabetes tipo 1 conseguiram reverter a disfunção de um grupo de funções cognitivas iniciadas pela hipoglicemia.
A ADIÇÃO DE AGCM NA DIETA MELHORA O ESTADO DE ALERTA, A INTERAÇÃO E A ATIVIDADE EM CÃES COM IDADE AVANÇADA
Um estudo realizado pela Nestlé® Purina® Pet Care8 analisou detalhadamente os efeitos benéficos da suplementação de AGCM em uma população de cães idosos.
Objetivo do estudo
Avaliar a capacidade de aprendizagem, a função visuo-espacial e a atenção em cães alimentados com uma fonte suplementar de AGCM.
Materiais e métodos
24 cães da raça Beagle com idades entre 7,5 e 11,6 anos foram divididos em dois grupos:
- Dieta de controle: produto comercial tipo Super Premium para cães adultos.
- Dieta de teste: formulada com uma substituição de 5,5% de gordura por 5,5% de AGCM. A preparação do AGCM consistiu de 97% de ácido caprílico e 3% de ácido cáprico.
Ambas as dietas eram isoenergéticas e continham os mesmos níveis de proteína, gordura e carboidratos. Os cães foram alimentados uma vez por dia durante uma hora para satisfazer as suas necessidades energéticas. Eles foram pesados semanalmente e no início do estudo, o alimento foi ajustado para manter o peso dos cães relativamente constante.
Foram realizados três tipos de testes cognitivos e clínicos, em que foram comparados os resultados entre os cães que receberam suplementação de AGCM e os cães que receberam dietas de controle.
Resultados
Testes cognitivos
1. Teste de discriminação com referências
Este teste avalia a capacidade de aprendizagem e a função visuo-espacial dos animais. Consiste em encontrar uma recompensa em forma de alimento por meio de uma referência externa. 1. Foi desenvolvido em três fases. Na Land-0, o alimento foi colocado em dois potinhos em uma bandeja, sobre os quais foi colocada uma tampa, deixando o alimento acessível apenas em um deles para evitar que a resposta fosse baseada no olfato. No pote em que a comida estava acessível, foi colocado um objeto amarelo como referência, que, caso fosse movido, permitia ter acesso à comida. Se os cães passassem por essa fase, seguiam para a próxima, Land-1, em que o bloco amarelo de referência se movimentava 1 cm no sentido medial e diagonal. Novamente, se passassem por essa fase, seguiam para a fase 3, Land-2, em que o bloco de referência se movimentava 1 cm no sentido diagonal, a partir da posição anterior, e 2 cm a partir da borda da tampa.
Os cães que receberam suplementação de AGCM na dieta cometeram menos erros no teste de discriminação com referências do que os cães que receberam dieta de controle. As diferenças foram significativas para os testes Land-1 e Land-2.
2.Teste egocêntrico
Este teste permite determinar a capacidade dos cães para se adaptar e lidar com situações novas encontradas na vida diária. Para isso, os cães são estimulados a encontrar a recompensa, em forma de alimento, escolhendo um objeto com base na proximidade do seu lado esquerdo ou direito. Este teste consistiu em três fases:
- Fase de preferência: durante um dia, os cães foram submetidos a 10 testes, em que a comida foi colocada em dois potes laterais da bandeja para determinar qual era o seu lado de preferência.
- Fase de aquisição: nesta fase, um estímulo cobre a recompensa no pote no lado de preferência ou no central, e um estímulo cobre o de não preferência.
- Fase reversa egocêntrica: o objetivo é avaliar a função de execução e a capacidade para mudar os cenários de resposta, adaptar-se e reagir diante de novas situações. Neste caso, o estímulo com a recompensa foi colocado no lado oposto. Todos os cães foram submetidos a duas tarefas de reversão.
Os cães suplementados com AGCM tiveram menos erros que os cães com a dieta controle nas tarefas das provas egocêntricas.
Os resultados mostraram que os cães que receberam suplementação de AGCM cometeram menos erros do que os cães que receberam a dieta de controle, uma diferença estatisticamente significativa para a tarefa inversa. O número de erros não foi significativamente diferente entre os dois grupos para a tarefa de aquisição (aprendizagem original) nem para a primeira aprendizagem de reversão.
3.Interesse por brincadeiras
Esta tarefa é realizada para avaliar os processos de atenção, facilmente detectáveis na vida diária dos cães com base no interesse deles por atividades familiares e de lazer.
Em uma primeira fase de aquisição, os indivíduos aprendem a responder de forma seletiva a um objeto que permite que eles recebam uma recompensa em forma de alimento. Em uma segunda fase de atenção, são apresentados entre 0 e 3 objetos de "distração" aos cães, com o objetivo de medir a precisão e a velocidade de resposta para escolher, o que determina a atenção o estado de alerta do cão.
Os cães que receberam suplementação de AGCM cometeram menos erros do que os cães que receberam a dieta de controle quando vários objetos de "distração" foram apresentados durante a fase "mesmo objeto de distração" e também na fase "objetos diferentes de distração".
Testes clínicos
Foram mensurados os efeitos da suplementação de AGCM no peso corporal, na ingestão, nos níveis séricos completos, bioquímicos e nos níveis de beta-hidroxibutirato (BHB) no sangue.
Os cães do grupo AGCM consumiram significativamente mais alimento durante o estudo, mas não houve nenhum ganho de peso significativo. As taxas sanguíneas e bioquímicas estavam dentro dos parâmetros normais em ambos os grupos no início e durante todo o estudo.
Os cães idosos que receberam dieta com suplementação de AGCM apresentaram um aumento significativo nos níveis de BHB e corpos cetônicos 2 horas depois da alimentação em comparação com os cães do grupo de controle.
Resumo
A suplementação com ácidos graxos de cadeia média (AGCM) nas dietas caninas pode aumentar significativamente as concentrações de corpos cetônicos no sangue, fornecendo uma fonte de energia alternativa para o cérebro em cães com idade avançada. Vários estudos mostraram os seus benefícios sobre a acuidade mental, o estado de alerta e a maneira de lidar com determinadas situações.
OS AGCM NA DIETA, BENÉFICOS EM CÃES QUE TÊM ATAQUES EPILÉPTICOS
A epilepsia idiopática canina é um processo crônico, caracterizado por ataques recorrentes, cujas causas subjacentes não foram identificadas. Diversos estudos indicam que a epilepsia idiopática em cães e os processos associados com ataques epilépticos estão relacionados com a redução do metabolismo da glicose cerebral. Dietas à base de ácidos graxos de cadeia média mostraram ser eficazes no controle da epilepsia humana. Acredita-se que os corpos cetônicos contribuam para a normalização das alterações metabólicas causadas pelo hipermetabolismo da glicose cerebral9.
Em um estudo, a Nestlé® Purina® Pet Care investigou o efeito de uma dieta com 5,5% de AGCM em 21 cães com epilepsia idiopática10. Todos os cães que foram submetidos ao estudo receberam tratamento com drogas antiepilépticas. Os resultados mostraram que:
- Nos cães que foram alimentados com AGCM, em comparação com os que receberam dieta de controle, houve uma redução significativa na frequência de ataques.
- 7 cães apresentaram uma redução de 50% na sua frequência durante os três meses em que receberam a dieta com AGCM.
- 3 cães deixaram de ter ataques.
Efeito da dieta com AGCM sobre: (a) a frequência de crises epilépticas por mês; (b) dias de ataques por mês em comparação com a dieta de controle10.
A epilepsia em seres humanos está associada com o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Em cães epilépticos, foram observados comportamentos semelhantes aos desse transtorno. Um estudo realizado em cães11 mostrou que os cães alimentados com uma dieta com AGCM apresentaram uma melhora significativa nos sintomas semelhantes ao TDAH.
As dietas com suplementação de AGCM são recomendadas para cães com disfunção neurológica associada com epilepsia para reduzir a frequência e os sinais clínicos dos ataques, sempre em combinação com as drogas antiepilépticas. Além disso, podem ajudar a reduzir determinados comportamentos associados à epilepsia canina.