Fila Brasileiro

Nome da Raça
Fila Brasileiro
Porte
Grande
Peso
Machos: mínimo de 50 kg. Fêmeas: mínimo de 40 kg.
Altura na Cernelha
Machos: 65 – 75 cm. Fêmeas: 60 – 70 cm.
Nível de atividade
Moderada
Temperamento
Territorialista, corajoso e determinado
Adestrabilidade
Razoável
Introdução
Origem
O Fila Brasileiro é um cão que está ligado ao crescimento do Brasil. Sua origem remonta de aproximadamente três a quatro séculos. Não se sabe exatamente como aconteceu sua formação, existindo apenas hipóteses. Dentre tais teorias, três possuem destaque, publicadas no Grande Livro do Fila Brasileiro.
Segundo Dr. Paulo Santos Cruz, o Fila Brasileiro poderia ser resultado do cruzamento entre o Mastiff Inglês , Bloodhound e Old English Bulldog , onde do Mastiff teria herdado a forma do crânio, a garupa e o dorso; do Bloodhound a pele solta, olhar triste e o faro aguçado; e do Old English Bulldog o temperamento violento e a teimosia. Para João Batista Gomes a raça seria originada do Fila Terceirense, da Ilha Terceira, Arquipélago dos Açores, que foi trazido maciçamente pelos portugueses para o Brasil e cruzado com os Mastiffs Inglês proveniente da vinda de D.João VI. Procópio do Valle define o "cão de fila" como um cão grande, bravo, de espécie vulgar.
É assim um cão de guarda e um cão mestiço, características do grupo dos Mastiff. Recebeu ainda a influência do extinto cão Engelsen Doggen, ou mais exatamente do Dogue de Fort Race, oriundo do Inglaterra e trazido para Pernambuco, em 1631 pelos holandeses, a fim de serem usados em incursões contra os bugres e soldados fugitivos.
Entretanto nenhuma dessas teorias pode ser comprovada oficialmente, pois não houve nenhum tipo de registro que documentasse o desenvolvimento destes cães. Em 1946, alguns criadores paulistas, mostraram o cão de fila aos aficionados de cinofilia, afim de conseguirem sua aceitação como raça pelo antigo Brasil Kennel Clube, se reuniram para preparar a descrição do Padrão do Fila Brasileiro, a fim de dissipar as dúvidas frente a enorme diversidade de exemplares. Somente em 1976, um segundo padrão foi estabelecido e aprovado no 1º Simpósio da Raça Fila Brasileiro, realizado em Brasília, onde passou a existir um mínimo de altura e peso para machos e fêmeas.
A raça foi reconhecida pela FCI em 1960 e o padrão atual é de 29 de setembro de 2016.
Nome original
Fila Brasileiro
País de origem
Brasil
Características gerais
Aspectos raciais
O Fila Brasileiro é tipicamente um molossóide. Possui ossatura poderosa, figura retangular e compacta, harmoniosa e proporcional. Apresenta, aliada a uma massa muscular grande agilidade. Em repouso sua expressão é calma, nobre e segura. Nunca apresenta olhar vago. Em atenção, sua determinação é refletida num olhar firme e penetrante.
Sua cabeça é grande, pesada, maciça, sempre em harmonia com o tronco. Vista de perfil, o crânio e o focinho guardam a proporção aproximada de 1:1, sendo o focinho ligeiramente menor que o crânio. O crânio de perfil, mostra suave curva, do stop ao occipital, que é bem marcado e saliente, notadamente nos filhotes. De frente, é largo, amplo, com a linha superior ligeiramente arqueada. As faces laterais descem em curva, quase vertical, estreitando-se para o focinho, sem fazer degrau.
O stop visto de frente, é, praticamente, inexistente. Sulco sagital em suave ascendência até, aproximadamente, a metade do crânio. Visto de perfil, é baixo, inclinado e, virtualmente, formado pelas arcadas superciliares muito desenvolvidas. A trufa de cor preta, com narinas largas, bem desenvolvidas, sem ocupar toda a largura do maxilar. O Focinho é forte, largo, profundo, sempre proporcional ao crânio. Visto de cima, é cheio sob os olhos, estreitando-se, muito levemente, até o meio, alargando-se, também levemente, até a curva anterior.
Visto de perfil, a linha superior é reta ou levemente romana, nunca ascendente. A linha anterior é quase perpendicular à linha superior, com ligeira depressão logo abaixo da trufa. Os lábios superiores, são grossos, pendentes, sobrepõem-se aos inferiores e seguem por uma curva perfeita, da linha inferior do focinho, quase paralela à superior, terminando com a comissura labial sempre aparente.
Os lábios inferiores são bem ajustados ao maxilar, da ponta do queixo até os caninos, soltos daí para trás, com as bordas denteadas. Focinho de boa profundidade na raiz, sem ultrapassar o comprimento. Na oclusão dos lábios, a rima labial se delineia em forma de “U” invertido, profundo. Os dentes caracterizam-se pela maior largura em relação à altura. São fortes e claros. Os incisivos superiores, largos na base e afilados na ponta. Os caninos são poderosos, bem inseridos e afastados.
A mordedura ideal é em tesoura. Os olhos do fila brasileiro têm tamanho médio à grande, em formato amendoado e bem afastados, de inserção média à profunda. A coloração vai, do castanho escuro ao amarelado, sempre de acordo com a pelagem. As orelhas são grandes, grossas, em forma de “V”. Largas na base, estreitando-se na extremidade arredondada. Inserção inclinada, com o bordo anterior mais alto que o posterior, na parte mais posterior do crânio, na altura da linha média dos olhos, quando em repouso. Quando em atenção, a base eleva-se acima da inserção. Portadas caídas de lado ou dobradas para trás, mostrando o seu interior.
O pescoço do Fila Brasileiro é extraordinariamente forte e musculoso, dando a impressão de curto. A linha superior é levemente arqueada, destacando bem a passagem do crânio para a nuca. O tronco é forte, largo e profundo, revestido de pele grossa e solta. O Tórax possui costelas de bom arqueamento, sem, todavia, influenciar a posição dos ombros, sendo mais longo que o abdome e em sua linha superior a cernelha inclinada, aberta, devido ao afastamento das escápulas, e ligeiramente mais baixa que a garupa.
Após a cernelha, a linha superior muda de direção, ascendendo até a garupa, sem qualquer tendência à sela ou carpeamento. Os flancos são menos longos e menos profundos que o tórax, mostrando a separação de suas regiões integrantes. Nas fêmeas, as abas do flanco são mais desenvolvidas. A garupa é um pouco mais alta do que a cernelha. Vista por trás, a garupa deve ser ampla, de largura aproximadamente igual à do tórax, podendo ser ainda mais larga nas fêmeas. A cauda possui raiz muito larga, inserção média, afinando rapidamente, com a ponta alcançando o nível do jarrete. Quando o cão está excitado, eleva-se, acentuando a curva da extremidade. Não deve cair sobre o dorso ou enroscar-se.
Os membros anteriores são paralelos, de ossatura poderosa e reta. As mãos são formadas por dedos fortes e bem arqueados, não muito juntos, apoiados em digitais espessas e contornando coxins plantares largos, profundas e grossos. Em sua posição correta, os dedos devem apontar para a frente. Unhas fortes, escuras, podendo ser brancas quando essa for a cor do respectivo dedo. Os membros posteriores têm ossatura forte, ligeiramente mais leve que a dos anteriores, porém nunca fino em relação ao todo. As coxas são largas, de contorno abaulado, formadas pelos músculos que descem do ílio e do ísquio, que delineiam a curva da nádega, razão de exigir-se o ísquio de bom comprimento. Os pés possuem as mesmas características das mãos.
O Fila Brasileiro se locomove em passos largos, elásticos, lembrando os dos felinos. A característica principal é a movimentação dos dois membros, de um mesmo lado, para depois movimentar os do outro, chamado de passo de camelo. Na passada, a cabeça é portada abaixo da linha do dorso. Trote fácil, suave, livre, de passadas largas, com bom alcance e rendimento. Galope poderoso, alcançando velocidade insuspeita em cães de tal porte e peso. A movimentação do Fila Brasileiro é sempre influenciada por suas articulações, típicas do molossóide, o que, efetivamente, lhe permite súbitas e rápidas mudanças de direção.
A pele representa uma das características rácicas mais importantes do Fila Brasileiro. É grossa, solta em todo o corpo, principalmente no pescoço, onde se formam pronunciadas barbelas, estendendo-se, em muitos casos, pelo peito e abdome. Alguns exemplares apresentam uma dobra nas faces laterais da cabeça e, também, na cernelha, descendo até o ombro. Com o cão em repouso, a cabeça não apresenta rugas, mas quando excitado, na contração para erguer as orelhas, a pele do crânio forma, entre elas, pequenas rugas longitudinais. A pelagem é formada de pelo baixo, macio, espesso e bem assentado. São permitidas as cores tigradas, dourados, baios e pretos, podendo apresentar máscara preta. Em todas as cores permitidas, admitem-se marcações brancas nas patas, peito e ponta da cauda.
Comportamento e cuidados
Comportamento e cuidados
O Fila Brasileiro é dotado de coragem, determinação e valentia notáveis. Para com os membros de sua família é dócil, obediente e extremamente tolerante com as crianças. É grande sua fidelidade, procurando com insistência a companhia dos donos.
De comportamento sereno, revelando segurança e confiança própria, absorve perfeitamente ambientes e ruídos estranhos. É fiel à guarda da propriedade, dedicando-se, também, e, por instinto, às lides de gado e à caça de animais de grande porte. Caracteriza-se pela grande aversão a estranhos, não se acostumado a presença de pessoas desconhecidas.
O Fila Brasileiro necessita de um amplo espaço não se adaptando em locais pequenos. Necessita ser bem socializado desde filhote com as pessoas da casa para que crie um vínculo forte com todos. Sua educação deve ser firme, mas sem agressividade.
É um cão muito rústico, por isso sua pelagem não necessita de banhos frequentes, apenas quando necessário.
Sensibilidade a fármacos
Não relatada
Predisposição à doenças
Cardiovasculares
Cardiomiopatia dilatada
- Caracterizada por contratilidade reduzida e dilatação ventricular, envolvendo o ventrículo esquerdo ou ambos os ventrículos
- Segunda causa mais importante de morbidade e mortalidade cardíaca
Dermatológicas
Dermatite por Malassezia
- Principalmente causada por Malassezia pachydermatis
- Grande incidência nesta raça
Referências bibliográficas
http://cbkc.org/application/views/docs/padroes/padrao-raca_46.pdf
http://www.fci.be/en/nomenclature/FILA-BRASILEIRO-225.html
http://www.spfilabrasileiro.com.br/raca-fila-origem.php
http://www.cachorrogato.com.br/racas-caes/fila-brasileiro/
JERICÓ, Márcia Marques; ANDRADE NETO, João Pedro de; KOGIKA, Márcia Mery. Tratado de Medicina Interna de Cães e Gatos. 1. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2015.
Imagem: http://www.portalmundoanimal.com.br/wp-content/uploads/2015/11/Fila-Brasileiro-Atan1.jpg